Projeto Camisa 10

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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Copa: Bolsa-Família, estudantes e idosos terão meia com valor de inteira

 

 

Artifício no texto da Lei Geral faz com que uso de benefício não altere preços já anunciados pela Fifa. Indígenas poderão ter ingressos de graça

Por Marcelo Parreira Brasília

Globo.com
 
Estudantes, idosos e beneficiários do Bolsa-Família poderão assistir a jogos da Copa do Mundo de 2014 pagando US$ 25 (R$ 43). É o que prevê a última versão do projeto da Lei Geral da Copa, protocolado nesta quarta-feira pelo relator Vicente Cândido (PT-SP).

Segundo o texto do relatório, que deve ir a votação após o Carnaval, os cerca de 300 mil ingressos da chamada categoria 4, de ingressos populares, serão divididos entre estudantes, idosos com mais de 60 anos e integrantes do programa de transferência de renda do governo. A previsão original anunciada no ano passado pelo secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, era de que estas entradas custassem US$ 25.

Mas, no entendimento do relator, este será o valor após a aplicação do benefício da meia-entrada, que será dado a todos os integrantes da categoria 4.
Ou seja: na prática, os ingressos populares custarão US$ 50 (R$ 86), mas a lei prevê que todos que poderão comprá-los terão direito à meia-entrada, voltando ao valor originalmente previsto de US$ 25. O artifício se assemelha ao aplicado por muitos produtores culturais no Brasil, que aumentam o preço da entrada inteira para reduzir os prejuízos com a possibilidade de uso da meia-entrada por praticamente qualquer pessoa.

Ingressos gratuitos para indígenas e campanha do desarmamento
 Os indígenas, que até recentemente faziam parte do grupo de beneficiados, receberão ingressos gratuitos a serem definidos em um acordo entre a Fifa e o governo. O mesmo acontece com quem aderir à campanha do desarmamento.

Os idosos também poderão utilizar a meia-entrada nos ingresso das demais categorias, como prevê o Estatuto do Idoso. Já os estudantes não terão o mesmo direito, mesmo que morem em cidades e estados com legislações que permitam a meia-entrada.

Decepção da Fifa com adiamentoAlguns pontos incluídos pelo relator em versões anteriores e que não constavam do projeto original enviado pelo Executivo foram mantidos. Entre eles estão a possibilidade de uso de aeroportos militares por aeronaves civis e a obrigatoriedade de que as férias em 2014 incluam o período de realização da Copa do Mundo. Também fica permitido que a União decrete feriados nacionais em dias de jogos da Seleção Brasileira.

Também foi mantida a previsão de um prêmio de R$ 100 mil e auxílio-mensal aos campeões das Copas do Mundo de de 1958, 1962 e 1970 que estejam em más condições financeiras. Este artigo deve mudar, já que alguns parlamentares já manifestaram a intenção de expandir o benefício para atletas de outros esportes. Já a questão da responsabilidade em caso de incidentes de segurança foi resolvida com a volta ao texto original, após a pressão da Fifa ter temporariamente ampliado o papel do governo neste caso.

As alterações no texto, aliás, são motivo de preocupação. A intenção original era que a Lei Geral da Copa fosse aprovada até março, quando o presidente da Fifa, Joseph Blatter, visita o Brasil e se reúne com a presidente Dilma Rousseff. Não há certeza, no entanto, se isso será possível, já que o texto, caso aprovado na comissão no próximo dia 28, ainda precisará passar pelo plenário da Câmara e pelo Senado antes de ser sancionado pela presidente.

O atraso se deve em grande parte às constantes revisões no texto, provocadas por pressões da Fifa e do próprio governo. O último adiamento ocorreu esta semana, após o relator ser chamado a debater alguns pontos do texto com a Casa Civil. Em nota, a Fifa se disse "decepcionada com esta nova demora" e afirmou esperar que a "Lei Geral da Copa seja finalizada em breve, refletindo os compromissos acordados com o governo".

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